As sombras que vagam pelo recantos longilíneos do universo desconhecido se libertaram das correntes profundas da melancolia e pairaram no vale dos suicidas, o céu que antes transbordava azul no dia infindável, hoje foi acinzentado como se o arco íris fosse retirado das entranhas das nuvens e sendo fatalmente desfalecido das cores que regem a atmosfera.
Talvez com as sombras do mal se multiplicando nas ações humanas fizeram com que o sol não mais encontre motivo para reagir aos malefícios do retrocesso dos que penam no esconderijo do abismo inundado pelo ódio, os pássaros coletivamente silenciaram, as flores ceifaram as sementes para que a reprodução dos frutos não mais seja perpetuado, as lágrimas são como a nascente do rio proibido que caem na última tarde ensolarada. O oceano da existência perdeu o equilíbrio que assegurava a navegação dos últimos marinheiros, naufragando todos para as enigmáticas profundezas do desengano.
O que antes era possibilidade hoje se transformou em realidade, a escuridão que sempre tentou dominar o planeta azul, hoje conseguiu aniquilar as estrelas, desvirtuar a galáxia mãe e aprisionar a luz solar, talvez não há mais significado para continuar lutando, a ignorância primitiva do ser humano não mais será tolerada na reconfiguração universal.
A persistência na criação era uma promessa que renascia em cada amanhecer, mais depois que os raios do sol foram desvinculados do ventre dos últimos defensores do bem, não se faz mais necessidade continuar lutando contra as sombras que jamais cessaram. As crianças não mais nascerão os adultos envelhecerão e os idosos morrerão, as sementes que foram plantadas no ceio do planeta terra serão colhidas, para que depois de séculos sejam replantadas, escolhidas a dedo pelo Alfa universal.
Isaías Oliveira
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